Quem é Putkin? E quem é Zelensky?

Se sobreviver, o Presidente ukraniano Zelensky será o próximo mártir ungido pelo Ocidente e seguramente o "a figura do ano" para as principais publicações. E, de facto, já é a figura do ano.
Volodymyr Zelensky é mais um actor que alcança o estrelato político. Trump, por exemplo, consolidou a sua já grande popularidade de milionário excêntrico num reality show televisivo de grande audiência. Salviny, na Itália, é outro caso de sucesso. Em Portugal a televisão tem sido a rampa de popularidade para os políticos: Santana Lopes, Sócrates, Cavaco Silva, André Ventura. Catarina Martins é actriz profissional.
Zelensky era comediante e cantor. Alcançou mesmo a fortuna com um programa de televisão em que fazia de presidente, numa série intitulada "Servo do Povo", que se transformou em partido político com o mesmo nome.
Zelensky foi curiosamente o narrador de um documentário sobre o ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan em que se contava a história do actor que chegou a presidente dos Estados Unidos.
Jurista de formação foi produtor cinematográfico. Hoje com 41 anos, casou com Olena Zelenska, formada em arquitectura e argumentista de profissão. Zelenska é uma estrela no Instagram, alterna entre os "looks" Burda e o impecável camuflado ao lado do marido em catacumbas de Kieve. Em 2019 era a 30ª ucraniana mais influente segundo a revista Focus. A arquitecta rapidamente se especializou na criação de argumentos na cadeia de televisão fundada pelo marido. Desde que é primeira-dama participou em iniciativas politicamente correctas, ligadas à alimentação nas escolas ucranianas (com um menu criado pelo chefe Levgen Klopotenko), à igualdade de género, à língua e cultura ucraniana, à saúde mental e à violência doméstica.
Não perdeu a paixão da moda e nas viagens oficiais põe os seus "looks" ao serviço dos designers ucranianos, tendo sido capa na Vogue ucraniana.
Zelensky, um hábil frequentador das redes sociais, uma característica dos políticos modernos, terá chegado a hesitar quanto à inscrição na constituição ucraniana da adesão à Nato, um pacto militar que para os russos constitui uma ameaça fronteiriça. O certo é que tomou outro rumo, não cumprindo ostensivamente os acordos de Minsk de 2014, relativos à região da Ucrânia de maior influência russa, onde agora (ainda a guerra não começara) foi reconhecida a soberania de dois Estados pela Federação Russa. Permitiu mesmo a realização de manobras militares da Nato dentro da Ucrânia. A adesão à Nato tornaria a Ucrânia praticamente invulnerável ao poder militar do Kremlim, mas geraria, ao mesmo tempo, na Europa, uma nova tensão nuclear. A Guerra Fria ressuscitaria a Quente. Ou já ressuscitou...
O Presidente ucraniano sabia que estava sozinho, com o seu exército, impotente perante a força do exército russo, e a sua população, e, mesmo assim, preferiu medir forças com a Rússia, que invadiu o país. A reacção Ocidental, com verdadeiras declarações de guerra apaziguadas pelo interesse em não cortar todas as pontes, designadamente a energética, de que parte da Europa depende para não ficar às escuras e não congelar, põe o mundo, e sobretudo a Europa, no limbo de uma guerra mundial, que será nuclear e apocalíptica como toda a gente sabe.
Zelensky pediu, no Twitter, dia 1 de Março, que o espaço aéreo da Ucrânia fosse encerrado, considerado como uma "no-fly zone", dando a possibilidade à Nato de abater qualquer avião que sobrevoasse a Ucrânia, incluindo qualquer avião militar russo. O pedido do Presidente ucraniano foi recusado por Estados Unidos, Reino Unido e Nato, dois dias depois (3 de Março) de formulado. A medida proposta por Zelensky inevitavelmente conduziria à terceira guerra mundial.