A GUERRA WOKE

02-04-2022

A cultura woke começou por estar ligada a questões raciais nos Estados Unidos. Neste milénio é muito mais do que isso, e embora continue a incluir os problemas raciais é sobretudo dominada pela nova ideologia da identidade de género, que põe curiosamente em causa outra componente da cultura woke, o feminismo. Jaime Nogueira Pinto faz, sobre este tema, uma análise brilhante no Observador, fazendo muito mais pela esquerda do que a soma dos ideólogos da área socialista, muito entretidos com o politicamente correcto.

Hoje despertou-se para Gramsci, o original e influente teórico marxista italiano que conferiu especial importância ao combate cultural. A hegemonia cultural é indispensável para obter a hegemonia social. Nem que seja necessário (e isto nada tem a ver com Gramsci) recorrer à censura, transmudada em cancelamento.

A cultura woke não se tem metido na economia e tem sido mais que complacente com o capitalismo. As oligarquias só se tornam inconvenientes quando os países de origem chocam com os seus valores.

É uma cultura de consumidores cimentada por fétiches apaparicados pelos media, o acesso à realidade ou à sua mera representação, como diriam os situacionistas do século passado.

Como se alimenta da superioridade que atribui aos seus valores é uma cultura agressiva. Uma agressividade que pode facilmente resvalar para a irresponsabilidade, que se traduziria, nos tempos que correm, numa guerra nuclear.

Todavia, essa irresponsabilidade já se manifesta antes, com, por exemplo, a imposição de sanções económicas à Federação Russa, como arma de intervenção na guerra da Ucrânia. As repercussões sobre as chamadas economia ocidentais ainda estão por medir, mas serão graves.

O ambiente económico global é perigosamente instável. Seria ainda mais desastroso se o problema se passasse com a China.

A China mantém uma tranquilidade notável, esclarecendo claramente a sua posição quanto ao avanço da NATO/OTAN, o bloco militar liderado pelos Estados Unidos. Quando ao resto..."business as usual".

O capitalismo global vai pôr nos pratos da balança a turbulência económica provocada pela cultura woke e a sua 'tirania de valores" e a maior harmonia sugerida pela estratégia chinesa e pelo modelo político que ela representa.

Ou a "few dollars more" em armamento e energia justificam a situação? Talvez...da esquerda radical norte-americana que medra do lado de Biden é de esperar tudo.

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